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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Saberes da Experiência


Um dos pontos que gostaria de levantar da Roda de Samba é sobre a questão da experiência musical e o contato com o samba que cada integrante do Núcleo de Samba Cupinzeiro tem. Pude observar que houve diferentes trajetórias musicais dentre os integrantes do grupo. Cada integrante teve um início com vários estilos diferentes, o qual montou uma espécie de “base” musical em suas vidas. A experiência que cada integrante contribui para o grupo é de grande importância. Seus primeiros contatos com o samba vieram através de amigos e familiares, e através dos seus estudos acadêmicos. Em um trecho da roda os integrantes comentaram como se conheceram e como começaram a tocar samba. Diziam eles que se reuniam em uma casa na cidade de Campinas para tocar samba. Lá na casa onde tocavam, era uma espécie de ponto de cultura criado pelo grupo. O Núcleo de samba cupinzeiro tocava todas as semanas para diversas pessoas fazendo com que a música por eles gerada contribuísse para o crescimento cultural não só das pessoas inseridas no grupo, mas dos ouvintes que presenciavam a roda de samba. Além de tocarem em vários lugares e eventos, alguns integrantes tiveram contato com rodas de samba que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, mostrando como o grupo tem um contato direto com a cultura. O projeto Roda de Samba tem como uma de suas funções compartilhar essas experiências vividas pelo grupo diversificando e contribuindo para o crescimento cultural de todos os participantes da roda.
Durante a roda nota-se como todas as pessoas se envolvem com o samba. Cantam dançam e vivem o mesmo em plena alegria. Os músicos se inspiram a cada momento, a cada palavra, a cada acorde do cavaquinho, a cada som produzido pelo pandeiro e se deixam levar pelos baixos do violão. Colocam o que sentem durante as músicas e mostram o que os unem: O SAMBA.

Jeisson David Alves, Licenciatura em Música pela Universidade Federal de São Carlos

sábado, 11 de dezembro de 2010

A primeira roda do projeto confirmou algumas expectativas já criadas durante as reuniões, entre elas e no meu ponto de vista a principal, a participação do público em geral e a socialização criada pela música. Pessoas compartilharam das mesmas letras e poesias em forma de samba, cada um trazendo sua história para juntar com a do outro e formar essa união chamada de manifestação cultural, essencial para a vida em sociedade e para a sociabilidade em vida.
Foram bons os momentos desde o início da oficina até o final da roda, foi notável o interesse dos participantes em conhecer e absorver o máximo de informação possível sobre as vivências do grupo e origens do samba, tanto historicamente quanto musicalmente, falando no sentido técnico. Senti uma união nos participantes em relação a essa expectativa, como se o grupo tivesse transmitido sua própria união musical para o público.
Acredito que todas as novas informações passadas ao público despertaram o interesse em continuarem no projeto, principalmente na hora da roda de samba, nela percebi olhares para os músicos na procura de descobrir como se tocava uma música ou outra, olhares para longe como se relembrassem de algo em sua história, como se a música fosse trilha sonora de algum momento do passado, pessoas jovens e mais velhas compartilhando do mesmo sentimento em alguns momentos, como se a música estivesse dizendo a mesma coisa para todo mundo, mas além de tudo isso, uma coisa me chamou a atenção. As pessoas partiam das próprias músicas para conversar entre elas, compartilhavam curiosidades e informações sobre a música, compositor, época da composição, e outras coisas mais que despertaram em mim outra visão da manifestação cultural, as pessoas se sentem livres para manifestar, e no mais grosso modo da palavra, propagar seus conhecimentos culturais para outras pessoas, conhecimentos que sem essas manifestações poderão não se espalhar e aos poucos ir se perdendo no tempo.
O grupo Cupinzeiro mostrou que uma manifestação artística de qualidade é possível com iniciativa, perseverança e vontade que são transformados em ideais com o passar do tempo. Esses méritos alcançados desperta nos estudantes de música idealizações de projetos futuros para a comunidade, criando reflexões sobre a importância das manifestações culturais e apresentações desses projetos, capacitando dentro de cada um esse elo entre cultura e população. 
Particularmente estou aprendendo muito para dar continuidade aos meus ideais em relação à cultura do choro, vários passos estão saindo do papel graças à vivência dentro dessas manifestações, e estou esperançoso em relação ao futuro desses meus ideais, espero poder sempre contar com esse apoio e experiência de vocês.
Apesar de fazer esse comentário, com o perdão da contradição, o caldinho de feijão estava sem comentários.
Estou ansioso para o próximo dia de oficina e roda, querendo coletar mais informações sobre samba, cultura e principalmente como planejar no futuro essas manifestações, para sempre manter a idéia de que cultura em comunidade é essencial na vida do ser humano.

Diego Lima, Licenciatura em Música pela Universidade Federal de São Carlos.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O samba da roda

            Gradualmente os instrumentos começam a tocar e o som transmitido por eles passa a ser compartilhado com todos que estão presentes, o samba passa a contagiar o estado de espírito das pessoas. O samba que toca é o samba que soma todas as cores, não tem raça, nem lugar. É o samba que une e ressalta o companheirismo daqueles que se identificam com este ritmo brasileiro.
            A característica principal, do meu ponto de vista, a ser observada em uma roda de samba é o fato de não haver preconceitos entre aqueles que dominam a técnica e aqueles que admiram o som. A roda é o espaço onde se compartilha a vivência dos sambistas através da música. Este humanismo que existe entre as pessoas é conseqüência da integração entre as mãos que tocam os instrumentos e aquelas que batem as palmas.
            Outra característica marcante em uma roda é o improviso. Roberto M. Moura diz que “o sambista improvisa diante da criação alheia”, este também é causa e conseqüência da união que a roda proporciona aos integrantes, pois ao mesmo tempo em que ela faz com que os músicos interajam entre si, através da improvisação, ela é resultado da amizade, seja de bar, seja de musica, entre todos que estão presentes naquele momento único e irreproduzível que a roda oferece.

Amanda de Castro Melo Souza é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlo - UFSCar